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CONSELHOS DE UMA COLORISTA PROFISSIONAL

Nesta semana que passou tive o prazer de conhecer María Faure, uma profissional das cores argentina com muita bagagem e muita experiência em cor e em fazer “cromáticas” como ela chama suas consultorias de cores. Ainda estando de férias visitando minha família e amigos em Buenos Aires, a ideia de poder conversar com uma experiente colorista era fascinante.


María me recebeu com um sorriso e com muita generosidade compartilhou sua experiência de ter criado a marca de tintas Upstairs Paint e de vender cor para interiores e exteriores há mais de 20 anos. Sai de lá de coração cheio e com alguns conselhos muito valiosos que quero compartilhar com vocês.


“Eu escuto muito o que os meus clientes falam”. Essa foi uma das frases da María que me marcaram. Falando com ela coincidimos em que ao trabalhar com cor é necessário ter um olhar generoso no outro, no cliente. Muitas vezes as respostas às dúvidas dos nossos clientes estão nas pistas que eles vão nos dar a partir de uma boa conversa. Gostei demais de ver que uma colorista de grande experiência e conhecimento ainda sabe que é preciso estar muito aberta para escutar antes de fazer qualquer recomendação.


"Branco não combina com tudo”. Upstairs Paint a marca da María tem uma linha de 52 cores de tintas para interiores e exteriores. Essas tintas são demonstradas em painéis grandes (não medi eles mas imagino que sejam de 1,50m x 50cm) que giram, um lindo mostruário de cores. Nesses painéis ela deixou uma janelinha aberta na cor branca. Eu perguntei para que eram essas janelinhas e então ela me disse: "Branco não combina com tudo”. Ah… como gostei de escutar isso! Essa é uma das grandes confusões de quem trabalha com cor, considerar que branco pode ir com tudo. Mas essa não é uma verdade absoluta. E para isso serve a janelinha… para ver o contraste de cada cor com o branco. 


“A melhor forma de aprovar cor com o cliente é pintando amostras grandes em placas”. Mais uma coincidência com uma prática habitual que eu já realizo com meus clientes que é pintar as cores escolhidas em placas de papel cartão (tamanho A2 ou tamanho A3, depende do caso). Tendo as cores em placas posso levar na casa do cliente e ver junto com ele o efeito da cor em diferentes paredes, em diferentes situações de luz, com diferentes contrastes. Para realizar estas amostras compro latas de 1/4 da tinta escolhida e pinto eu mesma com rolinho direto na placa no meu escritório. Isto me faz lembrar algo que falo continuamente nos cursos de cores e é que "cor se aprova com cor", ou seja, sempre precisa ter amostras físicas das cores que deseja aprovar, as cores na tela do computador dificilmente poderão passar a "sensação da cor desejada".


“Os clientes buscam você para que você lhes dê uma solução”. Este conselho da María me tocou em cheio, de novo porque é algo no qual acredito e que me esforço sempre por conseguir. Ela relatou que o cliente quando chega até ela é porque quer uma solução, uma palavra final. Conversamos sobre situações comuns de projeto por exemplo, quando os clientes são um casal, cada um com um gosto e uma preferência diferente… quem já passou por isso? (Eu, váaaarias vezes). Eu entendo isso da seguinte forma: o profissional das cores precisa não somente ter conhecimento mas também ter auto-confiança para transmitir essa ideia de “solução” para o cliente (sem cair no risco de confundir mais). Vou dar um exemplo, se na hora de indicar uma tonalidade para pintar uma sala eu chego com 2 ou 3 ou 4 opções para o cliente, eu posso estar confundindo mais do que ajudando, de alguma forma transferindo a minha insegurança para o cliente ter a voz final na decisão. Ou seja, é preciso estudar muito bem cada projeto e ter a confiança para usar cor sem medo e dar uma solução sob medida para cada cliente.  


“Meus clientes sabem que quanto antes me chamem, melhor”. María realiza consultoria de cores que ela mesma chama de “cromáticas” (adorei o nome e já avisei que pode ser que roube para usar no Brasil 🙂 ). Ela me contou que chamam ela em diferentes fases dos projetos mas que os seus clientes já sabem que quanto antes ela entre em uma obra melhor porque assim todas as escolhas de revestimentos e decoração como um todo (pisos, estofados, tapetes, etc.) giram ao redor das cores que ela especifica e que muitas vezes são as áreas maiores de um projeto. Muito bacana, não é? 

“Você precisa saber quais cores melhor servem e atendem a seus clientes”. Como María tem uma linha de somente 52 cores ela precisa estar muito antenada com o gosto dos seus clientes e com as tendências, para ir atualizando a linha mediante novos lançamentos e descontinuações. Eu fiquei pensando bastante nisso porque hoje eu trabalho com a ideia de uma oferta de cores infinita. Mas depois de algumas reflexões, levo para mim a ideia de sempre estar antenada, acompanhando tendências, olhando cartelas de cores, visitando lojas de tecidos, de tapetes, de objetos e também “ficando amiga” do catálogo de cores da marca de tintas que uso com mais frequência… é preciso se alimentar de cor para trabalhar com cor, é preciso “manusear” cor, é preciso juntar cores e ver como umas se comportam com outras, nem que seja pelo próprio exercício visual! Acredito que essa familiaridade com as cores deve se voltar em melhores consultorias e melhores projetos de cores para mim e os meus clientes. 


Depois de conversar durante mais de 3 horas com María Faure, sai de lá de coração cheio e com muita vontade de seguir me aperfeiçoando no mundo das cores. Ficaria imensamente feliz se nos próximos 20 anos puder ter uma pequena parte do sucesso da María em levar cor a tantas casas e tantos clientes :)


download o guia visual das 100 tonalidades


Abraço colorido! Boa semana :)

Felicitas

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