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AZUL: A COR PREFERIDA


Quando fecho os olhos e penso nos meus dias em Buenos Aires, lembro do céu azul nos dias frios caminhando em direção à estação de trem. Azul é a cor preferida entre as cores. Não existe quase ninguém que não goste de azul. Azul é sempre cor de sentimentos bons e não há sentimento negativo em que o azul predomine. Azul é o céu, azul é o mar. E assim associamos o azul com infinito, com o divino, com o poder e com a autoridade. O estado de espírito do azul é de paz, calma, passividade, introversão e placidez, em contraposição com o vermelho que é o movimento, o dinamismo e a atividade.


Do azul intenso ao azul bebê podemos comunicar sensações muito diferentes. Desde autoridade militar, poder, riqueza e maturidade até inocência, calma, paz, serenidade e suavidade, um longo espectro cheio de possibilidades.


O azul é a cor mais fria de todas as cores. Isso se baseia na experiência: a pele e os lábios ficam azuis no frio, e também o gelo e a neve têm um brilho azulado. O azul também traz uma ideia de melancolia. Os “blues” que nasceram entre os negros americanos se referem à tristeza e os quadros de Picasso do “período azul” (1901-1904) mostram essa frieza.


O azul turquesa tem definitivamente um apelo retrô devido a sua popularidade nos anos 50. Mas, mais do que isso, eleva o azul como uma cor calma e relaxante pela sua associação com o mar tropical, longe de ser uma tonalidade melancólica.


A história conhecida do azul começa com os egípcios que davam enorme importância à cor. Associada com o céu e o com o rio Nilo, representava o universo, a criação e a fertilidade. Em tempos antigos em que os pigmentos usados vinham da terra (ocres, vermelhos, pretos, brancos…) a obtenção do azul não era tarefa fácil. Por isso, mais uma conquista dos egípcios pela obtenção do que foi talvez o primeiro pigmento sintético: o azul egípcio ou silicato de cobre de cálcio. Os romanos o conheciam como azul cerúleo e após a era romana deixou de ser usado e sua fabricação esquecida.


Durante o Renascimento o azul ultramarino - obtido a partir da pedra lapis lazuli e mais precioso do que ouro - foi o pigmento mais fino e mais caro que podia ser usado na arte, extremamente desejado pela vibração e intensidade da cor, muito diferente a qualquer outro azul. O nome “ultramarino” tem origem em que literalmente era um pigmento que vinha do ultra mar, de minas em Afghanistan.


Nos dias de hoje enxergamos o azul como sendo masculino, apesar de que não sempre foi assim na história e simbologia da cor. A Virgem Maria sempre foi representada com um manto azul, em parte pela importância dada ao azul ultramarino, e portanto reservado para imagens religiosas, e em parte porque o azul sempre foi considerado pela sua psicologia uma cor feminina. Tanto que Vermeer usa azul ultramarino em muitas imagens femininas, a mais famosa delas sendo na pintura “Moça com brinco de pérola”, rendendo caráter divino às mulheres no seu dia a dia. Mais atual impossível.


A cor azul mudou para ser considerada uma cor masculina somente após a 1a Guerra Mundial quando meninos começaram a vestir a moda "marineirinhos" inspirada nos uniformes da marinha que eram tradicionalmente azuis por conta da facilidade e qualidade de se tingir com azul índigo.


Levi Strauss também antes disso imortalizou o azul em 1873 com a criação do “blue jeans”. Desde sempre o azul índigo foi um pigmento facilmente acessível em diferentes partes do mundo portanto era a escolha obvia para tingir as novas roupas de trabalho em denim. O azul índigo sempre foi cor de roupa de trabalho, daí vem a ideia dos termos informais “colarinho azul”, quem realiza trabalhos manuais vs. “colarinho branco”, quem realiza tarefas administrativas ou gerenciais.


A safira é a pedra que simboliza a fidelidade, e assim por extensão azul é também considerada a cor da fidelidade. Será por isso que todas as meninas sonhamos com o nosso príncipe azul? Ou será também porque faz referência aos nobres de “sangue azul” - nobres com pele clara que se protegiam do sol e assim apareciam mais as veias azuladas?


Confiamos na lealdade e honestidade do azul. Ao tempo que o azul, também em contraposição ao vermelho que é a cor das paixões, é cor das virtudes intelectuais (inteligência, ciência, concentração). Sempre que a razão se sobrepõe à paixão o azul aparece como cor principal. Assim são inúmeras as marcas ao redor do mundo que representam seus logos com alguma tonalidade de azul. Instituições financeiras tradicionais insistem no azul pelas ideias derivadas de estabilidade e segurança.


Com séculos e séculos de história e um espectro cheio de possibilidades, podemos dizer que confiamos no azul, convivemos com o lado masculino do azul, nos perdemos na melancolia do azul, vivemos o azul no nosso dia a dia e se fechamos os olhos, fantasiamos com férias tão relaxantes quanto um mar infinito azul. Não por nada o azul é a cor preferida entre as cores. O próximo post daqui 15 dias! Boa semana colorida! Felicitas :)


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Referências de fotos: céu e mar azul > Pinterest | casaco militar feminino > Pinterest | roupa bebê crochet | gelo azul > Pinterest | Pablo Picasso, 1902-03 oil on canvas, Detroit Institute of Arts, Michigan | mar caribe > Google | azul egípcio > hieroglíficos em templo em Dendera | pedra lapis lazuli > Pinterest | The Virgin in Prayer, Sassoferrato, 1640-50, The National Gallery | Moça com brinco de pérola, Johannes Vermeer (c. 1665) | Príncipe Albert Edward em terno de marinheiro, de Franz Xaver Winterhalter, 1846 | Levi Strauss > Google | Livro Indigo, Pavilion Books | The Financial Services Forum

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