Como designer de interiores vivo diariamente o desafio de ver, escolher e usar cores sem medo. E ainda que hoje faço isto de uma forma confortável, não sempre foi assim. Vou te contar o que aprendi nestes anos todos que pode servir de ajuda para você nos teus desafios profissionais!
No meu dia-a-dia de projetos vivo o desafio de encarar uma cartela de cores de tintas com 1300 cores; entrar em uma loja de tecidos para estofados com paredes e paredes recobertas de amostras; um sem-fim de possibilidades de revestimentos entre folhas de madeira naturais, compensados, laminados decorativos, azulejos, porcelanatos e tapetes dos mais variados… todos coloridos! No começo da minha carreira devo reconhecer que isso podia dar um pouco de agonia, podia ficar mareada entre tantas opções e o pior dos cenários, ficar com a eterna dúvida de se estava fazendo a escolha certa. Mas a prática, e o estudo contínuo, tem me dado uma grande segurança nas minhas decisões de cores quando se trata de projetos de design. E é isso que vou compartilhar com vocês hoje.
Mas antes um aviso: tendo já realizado inúmeros cursos com a participação de profissionais de diferentes perfis (arquitetos, designers de estampas, designers de interiores, designers gráficos, visagistas e consultoras de estilo, entre outros) posso dizer que provei na prática que o “coração” e aquilo fundamental na escolha de cores se repete para diferentes atividades. No fim, Cor é Cor.
1. Não existe emoção sem cor (nem cor sem emoção) Esta frase condensa tudo que acredito e que me levou a criar Cores Lovers já faz 5 anos. Usamos cores como forma de expressão, como meio, como um instrumento. Para que? Para expressar como nos sentimos, para criar um ambiente confortável que nos acolhe e no qual podemos ser nós mesmos (ou acolhe os nossos clientes, o que nos coloca em um grau de responsabilidade maior), para expressar nossa individualidade, para dar vazão à nossa criatividade.
É fundamental para o profissional de cor ter essa conexão com as emoções e sensações envolvidas em nossos projetos e nas nossas escolhas de cores.
2. A cor atrelada a um conceito (ou uma ideia maior) cresce e ganha ainda mais significado. Ter uma ideia das emoções e sensações que queremos expressar já são grande parte do caminho andando. Mas ainda há uma variedade tão infinita de cores, que envolver as nossas escolhas dentro de um “conceito”, de uma ideia central que é a coluna do nosso processo criativo, fazer perguntas ao redor do nosso projeto e que as nossas cores sejam respostas concisas para essas perguntas… isso é a maior tranquilidade que um profissional pode ter de que está fazendo as escolhas certas.
Sem contar quanto isso facilita o processo de comunicar as nossas escolhas para os nossos clientes. Porque saímos do “porque eu acho” ou o pior “porque está na moda” ou o tristíssimo “porque já usei e funcionou (com outro cliente, ou em outra circunstância)”.
3. Todas as cores combinam. Mas as cores devem ser analisadas em contexto. Muitas pessoas pode ser que tenham curiosidade nos meus cursos de cores esperando encontrar aí uma fórmula ou uma receita para combinar cores. Mas já vou avisando: não há receita, não há fórmula, não há dogma.
Todas as cores combinam entre elas. Basta pensar nas infinitas harmonias de cores na natureza. Tudo está inventado! Tudo existe e fomos criados como seres livres, ainda na escolha de cores! Portanto, libere suas cores! Mas atenção! O que sim posso lhes dizer é que as escolhas de cores devem ser analisadas em contexto. E é o contexto um grande balizador das nossas decisões.
4. Saia à frente e se destaque em seus projetos fazendo um bom uso da psicologia da cor, simbolismos e associações de cores pessoais. Seja que você está trabalhando para um cliente, ou para você mesmo (quando escolhe a roupa para ir a uma primeira cita, por exemplo) sempre é bom lembrar da velha e conhecida: Qual é a sua cor favorita? Ou se acha isso muito lugar comum, pois então pense na pergunta da Moll Anderson que tanto me encanta: Qual é a sua história de cor? (aqui me refiro a você ou o seu cliente, pudendo até ser uma marca, ou pessoa jurídica).
Isso como ponto de partida para criar um diálogo em cores no qual você deverá fazer uso de todos os seus conhecimentos de psicologia da cor e simbolismos, além das associações de cores pessoais. Não negligencie este passo e pare para pensar! (Sim, sei que isso pode parecer um contra-senso quando queremos deixar fluir a nossa criatividade) mas com o tempo estará tão internalizado que será cada vez mais rápida esta fase de “crivo” pela psicologia da cor.
5. Seja chato (muito chato) nas escolhas de luminosidades e saturações. Uma vez que escolheu seus matizes (em função de tudo o descrito acima: emoções e sensações + conceitos + contexto + psicologia da cor e associações de cores pessoais) prepare então uma xícara de chá, se recoste na sua cadeira e pense. Pense em todas as possibilidades que esses matizes lhes dão, quantas variações de tonalidades pode gerar pelo jogo de luminosidades e saturações: se mais clara ou mais escura, se mais vibrante ou mais apagada.
E então se divirta! Brinque com essas possibilidades e veja quantos caminhos têm a seu dispor. No fim não pode ter brincadeira mais gostosa da que mergulhar em um mar infinito de cores.
Boa semana! Abraço colorido, Felicitas.
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